Editorial
A seca que já bate à porta
A edição de quarta (28) do Diário Popular trouxe uma notícia que, infelizmente, tende a se tornar cada vez mais comum nas próximas semanas. Por conta do baixo volume de chuvas registrado desde novembro, Herval tornou-se a primeira cidade da Zona Sul a decretar situação de emergência. Por lá, o cenário é de famílias das áreas rurais recebendo abastecimento de água potável através do apoio da Prefeitura local com caminhão-pipa, açudes e bebedouros de animais rasos ou secos e plantações danificadas. Um retrato que não chega mais a surpreender, visto que raros têm sido os verões no Rio Grande do Sul em que a estiagem não marca presença.
Herval entrou para uma lista que não para de crescer. E de forma acelerada. Em apenas uma semana, o número de cidades no Estado com o documento formal atestando a gravidade da falta de chuvas saltou de oito para 19, segundo o dado mais recente obtido até o fechamento desta edição. Além destas, outras também estão com levantamentos em curso para oficializar a emergência nas próximas horas ou dias. A maioria destas 19 está na Região Central - a mais afetada -, no Norte e na Fronteira Oeste.
Apesar da maior gravidade não ser na Zona Sul, isso não significa que Herval seja caso isolado de dificuldades. O alerta está ligado em toda a região, ainda que sem outros decretos emitidos. Em Pelotas, por exemplo, a precipitação acumulada em dezembro é inferior a 30 milímetros. Muito abaixo do volume normal esperado para o período (103 milímetros) e menor, inclusive, que o verificado em dezembro do ano passado (73 milímetros), quando a estiagem também já preocupava a região e o Estado. No momento, a barragem Santa Bárbara, principal reservatório da cidade, está mais de 1,3 metro abaixo do vertedouro.
Os sinais - e a previsão do tempo, sobretudo - indicam grande probabilidade de mais um verão seco e de dificuldades para muitas comunidades. Principalmente aquelas mais distantes dos grandes centros e que dependem do clima equilibrado para produzirem alimentos para si, para os animais e para abastecerem a zona urbana. E ressaltam, ainda, um velho problema, de difícil solução: a falta de agilidade do poder público em implantar ações e estruturas capazes de mitigar os transtornos da seca. Afinal, uma vez que se sabe da recorrência das estiagens e da falta de infraestrutura de armazenamento de água, de irrigação, de programas sociais capazes de garantirem o sustento de quem sofre com a quebra de produção, o mínimo a ser feito é tornar tais políticas permanentes e eficientes, destravando a burocracia. Não há porque esperar acontecer para depois correr atrás do prejuízo.
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